6 de maio de 2012

Dorgival Dantas ( PERFIL )



Dorgival Dantas, cantor, compositor, instrumentista e produtor musical, é umas das maiores expressões do verdadeiro forró pé-de-serra do Brasil. Sua carreira começou cedo, aos 14 anos de idade, quando aprendeu a tocar acordeom. Aos 17 anos já começou a tocar profissionalmente e não parou mais. O seu talento como produtor foi descoberto quando tocava com a dupla Sirano e Sirino. Várias bandas e artistas consagrados em todo o Brasil gravaram sucessos de Dorgival Dantas. Entre elas Aviões do Forró, Alexandre Pires, Jorge e Matheus, Cézar Menoti e Fabiano, Fagner e muitos outros.

Um dos compositores que mais arrecadam direitos autorais no Brasil, autor de grandes sucessos da música popular recente, Dorgival Dantas tem em mente as composições que fez na juventude, aos 20 e tantos anos, e que definhavam esquecidas há quase duas décadas. “Na época eu imaginava que ia tocar muito instrumental”, explica. “Agora quem tá tendo dor de cabeça pra tocar sou eu”.

Além disso, teve uma honra que poucos artistas tiveram: uma canção sua cantada por Roberto Carlos durante um Roberto Carlos Especial. O Especial era o de 2009, e a canção foi,
Você Não Vale Nada. Conheça mais deste astro do forró.







Dorgival Dantas
O Homem do Coração

 

‘‘Comecei tocando, que é o que sem dúvida o que mais gosto de fazer, e quando me dei conta, já estava produzindo. No interior é assim: ou vai ou não vai. Se você toca bem, vai, foi o que aconteceu”.

Sandália de dedos, camiseta de malha, calça jeans. Os longos cabelos cor de mel presos em um rabo de cavalo. Sentamos em cadeiras de palha colocadas no estúdio de gravação pequeno e aconchegante. O sorriso maroto e largo estampado no rosto revelou desde o início a simplicidade do artista. Foi assim que Dorgival Dantas nos recebeu para a primeira entrevista. Entre os objetos e instrumentos musicais espalhados pelo estúdio, uma xícara de café chama a atenção, mas ele se antecipa justificando: “é uma mania minha, adoro tomar um cafezinho com pão, vocês aceitam?”.


Cantor, compositor, instrumentista, produtor musical. Esse simpático potiguar nasceu no município de Olho D’água dos Borges, localizado a 347 quilômetros de Natal, no dia 5 de janeiro de 1971. Mas foi em Fortaleza, onde mora há quase dez anos, que sua carreira deslanchou. A infância pobre dificultou a caminhada, mas foi apenas mais uma barreira superada em uma trajetória de altos e baixos. Com o sucesso de “coração” seu nome foi projetado nacionalmente. Dorgival se tornou conhecido do grande público e os convites para entrevistas, shows, parcerias e encomendas de composições não pararam mais de chegar.


Até então o músico era um completo desconhecido inclusive no estado onde nasceu. Reconhecimento mesmo, só na capital cearense, ainda tímido, mas em plena ascensão. ‘‘Quero fazer shows em Natal, mostrando meu trabalho como faço aqui em Fortaleza, quero que as pessoas da minha terra me conheçam. E sei que essa hora vai chegar’’, dizia Dorgival antes de conquistar visibilidade nacional. O que pouca gente sabe é que este artista de coração cearense começou sua carreira aos 14 anos e que já participou inclusive de uma turnê internacional. Filho de Francisca Soares dos Santos e Cícero Dantas de Paiva, Dorgival teve uma infância feliz. Sempre foi uma criança tímida, porém muito bagunceira. Depois da morte do pai passou a assumir responsabilidades com a casa ainda jovem o que motivou a sua irmã Dorgivânia a chamá-lo de “o homem da casa”.


Dos dez filhos que os pais tiveram apenas quatro continuam vivos. Além de Dorgival: Francisca Dorgivânia Dantas de Paiva, de 32 anos; Carla Priscilla Dantas de Paiva, de 28 anos; e Damião Dantas de Paiva, 26 anos. O relacionamento com a família sempre foi intenso. Dorgival tem verdadeira paixão por seus sobrinhos: Leanderson, 7 anos, e Gabriel, 6 anos, filhos de Priscila; e Giovanna 06 anos e Tiago Recém Nascido filhos de Dorgivânia. O irmão mais jovem ainda é solteiro, Damião é autista.


O pai, que era barbeiro, influenciou na escolha do primeiro emprego. Ele relembra: “Eu era muito novo quando um cara chegou na minha casa pedindo para eu fazer a barba dele. Na hora eu topei em atendê-lo, mas depois que terminei, ele me disse que era fiado que só ia pagar depois. Até que eu levava jeito, mas fiquei com raiva e desisti de ser barbeiro’’.


Se por um lado os moradores de Olho D’água perderam um barbeiro, por outro o Brasil ganhou um Artista talentoso. Foi essa decepção que empurrou o menino cheio de sonhos de volta para a sanfona. Ele diz que sempre pensou em ser cantor.


Aos quatorze anos de idade, o menino Dorgival começou a ensaiar os primeiros acordes na sanfona do pai, e, em pouco tempo, já estava se apresentando nas quermesses da cidade. Depois começou a fazer pequenos shows em churrascarias, sempre acompanhado do pai e professor.


No entanto, só começou a encarar a música como profissão aos 21 anos. Diz que “a carreira mesmo só começou aí” e revela que nessa época escutava muito rock e reggae. Ouvia de tudo, mas sempre teve uma atenção especial ao que era produzido pela Legião Urbana e por Bob Marley. Dorgival gosta mesmo é de misturar estilos. “Eu pego um Luiz Gonzaga e misturo com um Rock n’Roll. O resultado é sempre muito legal. Não tive nenhum professor de música pra ficar me dizendo se estava certo ou errado misturar isso com aquilo, fui por instinto e quem nasce no interior sabe que é assim: ou vai ou não vai. Se você toca bem, vai, e foi o que aconteceu. De lá para cá, não larguei mais a música e comecei a tocar e compor”, explica.


Os amigos e a família tiveram e têm um papel fundamental da história do artista. Além do pai, que sempre foi o maior incentivador da carreira do músico, os amigos sempre estiveram por perto. Dos amigos de infância ainda preserva alguns, mas o contato é pequeno. Dorgival tem hoje 37 anos, não bebe bebidas alcoólicas, não fuma é casado e pai de quatro crianças.


Filho dedicado, pai amoroso, marido companheiro. Deu ao filho o nome Cícero Dantas, em homenagem a seu pai. A terceira geração dos “Dantas” já mostra o interesse pela música. Dorgival é reservado quando o assunto é família. “Ninguém me pergunta muito sobre isso e então eu não tenho porque falar”, desconversa.

Mas o que o artista não fala as imagens revelam. Cícero já freqüenta os shows do pai e até canta com ele, o que fortalece o ditado popular que diz que “filho de peixe, peixinho é”. No caso Cícero é filho e neto de peixes. Para orgulho do pai o menino parece mesmo amar a arte e querer seguir os passos de Dorgival.

Cícero é filho do primeiro casamento de Dorgival. O relacionamento com Renata, 28 anos, durou cerca de três anos. Depois da separação Cícero passou a morar só com a mãe no Rio Grande do Norte, mas o contato com o pai é freqüente. Dorgival atualmente é casado com Ana Lúcia, 25 anos. Entre a fase de namoro e casamento os dois já estão juntos há mais de seis anos. Dessa união Dorgival teve outros três filhos: Analissa de 2 anos; Saulo e Silas, gêmeos com 9 meses de idade.


Olhando para o passado Dorgival admite que é um vencedor, a fé em Deus não é esquecida em nenhum momento. “Se eu estou aqui é por causa dele. Muita gente me disse não faça isso, essa história não vai dar certo, mas eu nem ouvia, e Deus, sempre Ele, me trouxe até aqui. Hoje eu olho pra trás e vejo que segui o caminho certo, mas tudo foi por causa Dele, foi Ele que quis, se não fosse assim, eu estaria em outro lugar, podia até estar cortando cabelo lá no interior do Rio Grande do Norte”, afirma.


Do anonimato para o sucesso, Dorgival teve, porém, que superar muitos desafios. Vencer a pobreza foi uma conseqüência. Quem olha hoje todos os instrumentos novos e o estúdio de gravação com ar-condicionado e recursos avançados de tecnologia não imagina que na adolescência as dificuldades financeiras poderiam ter impedido o menino de seguir a carreira de cantor e instrumentista. O acordeom do pai ia e voltava para casa e com ele o sonho de virar um artista de sucesso. “Como meu pai estava sempre precisando de dinheiro e vivia vendendo e comprando o instrumento, foi difícil começar a carreira tão novo”, relembra.


Quando completou 17 anos Dorgival aprendeu a tocar teclado. Foi nessa época que ele recebeu o convite para integrar no grupo “Show Terríveis”, na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Foram oito anos se apresentando com o grupo, até conhecer a dupla de também sanfoneiros Sirano e Sirino, através do também sanfoneiro Dedim Gouveia. Estava aberto o caminho para a parceria de sucesso que acabou empurrando o artista para a capital cearense.


No final dos anos 90 passou a morar na cidade de Fortaleza, no Ceará. O principal motivo para a mudança foi o convite da dupla cearense, para que Dorgival produzisse o disco deles. Mas ele acabou aderindo a um outro projeto e passou a integrar a Banda Pirata. O grupo foi criado juntamente com Armando Telles, ex-integrante da banda de forró Alta Tensão; o tecladista Edmar de Abreu; o baixista Luizinho Mariano; a vocalista Paulinha de Carvalho; o guitarrista Luizinho Neto; o baterista Carlinhos Rigns; os percussionistas Haroldinho e Naiano; e a saxofonista e flautista Aninha. Com essa turma pra lá de animada Dorgival participou de shows em Fortaleza.


A Banda tocava no bar de mesmo nome localizado na Praia de Iracema. A alegria que exalava da música fez com que o sucesso chegasse rapidamente. A banda agradou, sobretudo, aos turistas estrangeiros, tanto que o Bar do Pirata acabou sendo incluído no calendário oficial de festas da cidade de Fortaleza, divulgado por agências de viagens e pela Secretaria de Turismo do Estado.


É a segunda-feira mais animada do Ceará, fama que o Bar carrega até hoje, mas que foi iniciada com a ajuda e o talento de Dorgival. “Foi uma boa época. Fiz muitos amigos, viajei, conquistei experiências que me ajudaram e ajudam na minha carreira até hoje”, conta o músico com um sorriso de quem de fato lembra de uma boa recordação.


Com a Banda Pirata, além dos shows em Fortaleza, Dorgival experimentou a emoção de tocar em outros estados e até no exterior. O grupo participou de festivais de forró em Minas Gerais, shows em São Paulo e em Brasília. Tudo isso em menos de um ano. “Com o sucesso da Banda o ritmo de trabalho era muito intenso, o que era bom, apesar de cansativo”, completa.


No ano 2000 o grupo foi convidado para fazer parte das comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Dorgival embarcou com a Banda Pirata para apresentações na cidade do Porto, em Portugal. Depois seguiu em turnê internacional, fazendo o mesmo de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil, com a realização de shows em cada uma das paradas do navegante português até a chegada, no dia 22 de abril, em Porto Seguro, na Bahia.


Em 1997 Dorgival começou a fazer composições e a trabalhar como produtor musical. Ele conta que a carreira de produtor começou meio que por acaso. Dorgival foi convidado, a época, para tocar em um CD de Fátima Melo, e acabou sendo produtor musical. ‘‘Comecei tocando, que é o que sem dúvida o que mais gosto de fazer, e quando me dei conta, já estava produzindo’’, relata.


No ano seguinte, 1998, o cantor Flávio José se apaixonou pelas letras compostas pelo grande Dorgival, e gravou em seu CD intitulado “A poeira e a estrada” com as composições “ Paixão escondida" e "Casa velha de sapê".


Ao mesmo tempo a carreira de produtor musical deslanchou. Hoje Dorgival coleciona discos produzidos por ele. Entre os quais podemos citar discos das bandas de forró "Brasas do Forró", "Cheiro de Menina", "Canários do Reino", "Forró Real", "Siriguela", "Banda do Pirata", "Karcara's do Forró" - todas do Ceará. Além dos cantores Luisinho de Irauçuba, também do Ceará e Chico Pessoa, da Paraíba; das bandas de forró "Forró Saborear" e "Pegada Quente", de São Paulo, bem como "Os meninos de Goiás", de Goiânia. Sem esquecer, é claro, dos amigos Sirano e Sirino.


Sobre o número de bandas que já acompanhou em estúdio, ele brinca dizendo que passaríamos um dia inteiro para contar todas elas. Depois que meu nome ficou em evidência, os convites não pararam de aparecer e é assim até hoje’’.


Nessa época, o número de fãs e seguidores começou a ficar maior. A assistente social Rosemary Façanha, é uma das admiradoras mais dedicadas ao artista. Ela se considera fã de Dorgival há cinco anos. “Sou fã do Dorgival desde que via nos cds de forró o nome dele nas músicas (de diversas bandas do gênero) que eu mais gostava, isso entre 2002 e 2003. No ano seguinte, fui ao primeiro show dele e desde então me apaixonei”, revela.


A simplicidade de Dorgival fez a barreira entre fã e artista desaparecer, tanto que, os dois estreitaram as relações e passaram a ser amigos. Durante as apresentações da banda, ela sempre fica bem na frente do palco com olhar de admiração e cantando todas as músicas do espetáculo, do início ao fim. “Nos shows conheci toda a galera da banda, pessoas que trabalham direta e indiretamente com ele (Dorgival). Através da internet conheci a esposa dele de diversos familiares além de amigos e outros fãs que agora fazem parte do meu grupo de amigos. Nessa minha peregrinação de fã, recebi um apelido dado por Dorgival todas as vezes que ele me via nos shows ‘Dona Rose’, desde então fiquei conhecida como a fã número um dele tanto no Rio Grande do Norte como no Ceará”, diz com orgulho.


Dorgival diz que algumas bandas produzidas por ele aproveitam para gravar músicas de sua autoria, entre elas, o músico cita grupos como Boneca de Pano, Zé Barros, Brasas do Forró e a própria dupla Sirano e Sirino Sobre a sensibilidade e o talento para compor músicas, ele reafirma a fé em Deus. “Não tenho parceiros para composição. Sou eu e Deus. A inspiração vem e eu faço as melodias. Graças a Ele, eu já fiz tantos sucessos”, conta.


Nomes como Flávio José, Chico Pessoa, Rapazola, Guilherme e Santiago, Fágner também já gravaram canções de autoria de Dorgival. Entre suas composições destacam-se, "Tá na cara", "O dia", "Coração", "Minha Maria", "Perdão meu filho", "Menino chorão", "Casa velha de sapé" e "Paixão escondida".


Em 2004, teve as músicas "Coração" e "Passei a noite no forró" gravadas pela banda potiguar ForróNela , em seu primeiro disco. Nesse ano, teve a música "Tá na cara", seu grande sucesso, gravada por Frank Aguiar no CD "Frank Aguiar 10 anos".


No início de 2005, depois de tantos anos de carreira, ele lançou o primeiro trabalho solo como cantor. Pela UNIVERSAL MUSIC do Rio de Janeiro, o CD “O Homem do Coração” contém 12 canções, sendo as 12 de autoria dele. Foi nesse trabalho que o próprio Dorgival gravou e emplacou sucessos instantâneos, antes consagrados na voz de outros artistas como o caso das músicas "Chega de mentiras", "Tá na cara" e "Coração". Esta última foi executada em rádios de todo o país e chegou a ficar em primeiro lugar entre as mais pedidas nas rádios do Rio de Janeiro e São Paulo. Hoje o artista continua fazendo shows pelo Brasil e sendo requisitado para atuar como produtor musical, instrumentista e compositor.


Entre as composições mais recentes podemos destacar duas que guardou só pra ele em 2007. PRIMEIRO PASSO e NÓS DOIS que foram lançadas no CD com título PRIMEIRO PASSO. E tendo como novidade para 2008 o CD com Título Turnê 2008, com as musicas de trabalho PAIXÃO ERRADA, AMOR COVARDE, DEIXA ESTÁ, que já estão sendo tocadas em várias rádios do Brasil. E só pretende dividir as letras com as fãs. Em anexo estão as letras de uma dessas composições: “Primeiro Passo” e a de seu maior sucesso que foi “Coração”.

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