30 de maio de 2013

Conheça as danças típicas do São João



Forró


O forró, além de gênero musical e denominação genérica para a festa nordestina movida à música, é também uma dança.

Trata-se de uma dança de contato corporal. Os braços arqueados definem a distância entre os corpos, que pode ser maior ou menor, a depender da intimidade entre o par.

Apesar das variações ― dos rodopios do chamado forró universitário aos passos repetitivos com os pés arrastando no chão do forró tradicional ― , segundo Gilberto Gil, no texto “O forró”, do seguinte elemento nunca se abriu mão:

“o agarradinho, o bate-coxa, o mela-cueca, o esquenta-mulé que a estabelece como dança de contato sexual, de socialização sensualizada, contra-pontuada pelos meneios rodopiantes dos pares soltos pelos salões; um jogo de prende-desprende de alta tensão erótica entre o dançar colado e o plácido deslizar dos corpos soltos”.

A música “Folia Brasileira”, composta por Nando Cordel e interpretada por Elba Ramalho, estabelece as condições para se dançar o forró:

“Tem que ter molejo, meu bem/ Tem que ter tempero, meu bem/ Se agarrar com jeito/ Se esfregar direito/ Nesse vai e vem [...] Tem que ter/ Perna batendo com perna/ Coxa roçando com coxa/ No umbigo e no pescoço/ Tem que ter/ Um roça roça toda hora/ Um pra dentro/ Outro pra fora/ Pra gente sentir o gosto”.

Em música, Gilberto Gil já disse que o baião, o xote e o xaxado vêm debaixo do barro do chão. E, no já citado texto, ele explica, de uma maneira lírico-analítica, de onde vem a inspiração para as coreografias de forró:

“A dança do forró tem basicamente elaborado sua coreografia inspirada, seja nas melodias mornas das toadas românticas, seja no resfolego soluçante dos xaxados de letras provocantes. Tem sido, das danças brasileiras, a que mais faz dialogar, pelos pares em movimento, os sonhos de aconchego e gozo e os suspiros de carne em êxtase e de espírito em repouso: a danca do forró, em que a mão alcança a cintura de pilão da cabocla mais próxima e o pensamento voa até a cabocla tão distante “esperando na janela”, criando assim um pathos de sensualidade e lirismo que se espalha, como brasa de fogueira, pelo salão afora”.

Cabrueira


A Cabrueira mais do que um novo jeito de dançar forró é praticamente um novo estilo de dança, bem contemporâneo e bastante diferente.

No salão, se ouve Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinês, entre outros grandes nomes do forró. No entanto, também é possível identificar passos de samba, de gafieira, salsa, tango, bolero e chá-chá-chá.

"Sempre gostei de dançar tudo. Como sou louco por forró, e era complicado aprender todos os ritmos, resolvi misturar. Durante muito tempo, realizei uma pesquisa e cheguei a fazer algumas aulas de samba e salsa, e até viajei para Argentina, para aprender a dançar tango. De cada ritmo, consegui tirar um passo", disse Edj Braga, que é professor de forró há 12 anos e, em abril de 2005, fundou o grupo Cabrueira.

Segundo Edj, além de outros ritmos de dança de salão, o gingado da capoeira também é muito presente no estilo de forró criado por ele, uma vez que este se caracteriza pelas jogadas de perna, batizadas pelos alunos de "pedaladas".

Para dançar Cabrueira, é preciso passar por alguns níveis. "Primeiro, o aluno tem que entender o que é o forró. Depois, ele passa para o forró universitário, e só quando dominar bem esse estilo, eu começo a ensinar Cabrueira", explica o professor.

Quadrilha


A quadrilha junina tem como origem uma dança de salão francesa para quatro pares, chamada de “quadrille". Ela chegou ao Brasil junto com a corte portuguesa, que trouxe para o país os modismos da vida europeia, e acabou sendo incorporada às tradições populares.

O professor Roberto Benjamin, da Universidade Federal de Pernambuco, no documentário “Viva São João”, afirma que a quadrilha é um exemplo de como funciona a dinâmica da cultura popular.

“[as quadrilhas] Foram danças camponesas na Europa, depois foram incorporadas às cortes, especialmente, à corte francesa. Com a vinda da princesa Leopoldina para o Brasil, a primeira imperatriz, esposa de Dom Pedro I, ela trouxe um grupo de cortesãos de Viena, com oficiais, soldados e damas da corte, e esse pessoal introduziu nos palácios do Rio de Janeiro essa dança. Mas a rapaziada também a introduziu nos cabarés e nas tavernas. E então a quadrilha acabou caindo no gosto popular e se incorporou às tradições brasileiras”.

Embora tenha sido adotada inicialmente pela elite urbana brasileira, foi no meio rural que a quadrilha teve maior disseminação, sendo hoje uma dança característica dos festejos juninos.

Na dança, a evolução dos pares, cujo número é variável, é guiada pelos comandos ― muitos deles ainda são termos de origem francesa ― de um mestre “marcador”.

Os participantes vestem roupas de matuto ou caipira, e, geralmente, o par que abre a quadrilha representa as figuras do noivo e da noiva, uma vez que a encenação de um casamento fictício é também um elemento que costuma fazer parte da tradição junina.

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